domingo, 5 de agosto de 2012

Professor reflexivo

Comentário do texto: Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente, de Kenneth M. Zeichner


O texto mostra que houve uma mudança de foco na formação de professores. Passou-se a ver que era necessário que o professor deixasse de transmitir o conhecimento já estabelecido por outros profissionais para ser um sujeito ativo, que participa de todo o processo de ensino; desde estabelecer as finalidades da educação até escolher a melhor maneira de trabalhar com os alunos, passando pela análise das condições sociais e tendo como fim a transformação da sociedade.


Este novo olhar foi possível a partir de pesquisas realizadas na área educacional, principalmente as sobre os saberes dos professores, e a influência das ciências cognitivas e das políticas neoliberais e neoconservadoras na educação.

Apesar da reflexão da prática reflexiva já existir há muito tempo, foi a partir de 1983, com a publicação do livro “O profissional reflexivo” de Donald Shchön, que começou um amplo questionamento sobre o assunto e tornou-se a “bandeira levantada” por vários formadores.

Estas discussões levaram a vários entendimentos do que é uma prática reflexiva. Muitas vezes a reflexão produzida foi usada para manter/reproduzir um currículo ou método já existente.

Para o autor, a verdadeira formação docente reflexiva deve focar nos propósitos e nos meios do ensino, levando em conta as condições sociais, o contexto onde é feito o trabalho, a comunidade docente onde está inserido e principalmente, toda a ação reflexiva do professor deve gerar um engajamento nas lutas por justiça social e pela qualidade na educação para todos, sem distinção.



Uma visão

Devido a história do Brasil, esta mudança por aqui ainda é lenta e acontece de forma isolada. Os cursos de licenciatura, geralmente não conseguem formar este profissional reflexivo.

Vários fatores foram citados no texto-base para justificar que isso ocorra como, a separação da teoria da prática. Destaco aqui, dois fatores que considero importante colocar nesta discussão.

Segundo pesquisa do INAF 2011-2012, 38% dos brasileiros com formação superior não são plenamente alfabetizados. Se ainda chegam a universidade pessoas que ainda não são letradas, como introduzi-las num pensamento reflexivo independente, sem que apenas reproduzam a ideia do professor? Acredito ser um grande desafio.

O que fazer se dentro do corpo de formadores há profissionais que não aceitam ser contestados, são donos da verdade, não têm uma postura reflexiva, de diálogo? Não são docentes reflexivos como propõe o texto? Como formadores não reflexivos podem conduzir os professores na construção reflexiva?

É uma cadeia, melhorando-se os formadores temos uma educação de qualidade como um todo.

Muitos avanços aconteceram na educação brasileira, mas ainda há muito por caminhar.





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