Não temais...
Crescem as correntes de água e as tempestades retumbam, mas nós não tememos ser engolidos por elas. Estamos firmemente fundamentados na rocha. Por mais que o mar se enraiveça, não quebrará a rocha; por mais que as correntes saiam de seus leitos, não podem engolir a barca de Jesus. Dizei-me, o que temeremos? A morte? Minha vida é Cristo e tenho desejo de morrer. O exílio? Do Senhor é a terra e tudo o que ela encerra. O confisco dos bens? Nada trouxemos ao mundo e nada poderemos levar dele. Rio de tudo aquilo que pode infundir medo neste mundo. Seus bens me provocam risos. Não temo a pobreza, não desejo a riqueza. Não tenho medo da morte. O Senhor me deu dons. Então, por minhas próprias forças me fio dele? Tenho em minhas mãos sua Palavra: esta é meu ponto de apoio, aqui se apoia minha segurança, este é meu porto de salvação. Ainda que todo o universo se ponha a tremer, eu tenho sua Palavra, a releio, é a muralha de meu amparo, é minha garantia. O que me indica? Eu estou convosco todos os dias, até o final do mundo. Se Cristo está comigo, o que temerei? Que se aproximem as ondas do mar e a cólera dos poderosos: tudo isso não pesa mais que uma teia de aranha.
São João Crisóstomo
Homilía «Ao sair para o exilio», 1-3: PG 52, 427-430.
Monge e bispo de Constantinopla; doutor da Igreja (349?-407).
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